Maria de Nazaré


Como não começar com aquela que foi a maior de todas as mulheres que esta terra já viu. Sim, para os que creêm ou não Maria de Nazaré é sem dúvida alguma a mulher de maior expressão na história da humanidade.
Maria de Nazaré é alguém de nossa raça. Como os demais seres humanos, nasceu e viveu num contexto histórico, social, econômico, político e cultural.
Como as outras mulheres, sua natureza humana se desgastou; viu-se atingida pelas inclemências dos anos e envelheceu. Não viveu segregada e protegida. Não é fácil conhecer a história de Maria com objetividade, uma vez que as fontes são os Evangelhos, nos quais os fatos históricos já se apresentam interpretados a partir da fé. Não se deve, porém esquecer essa história que há de ser ponto de partida insubstituível em toda reflexão mariológica.
No Novo Testamento há diversas tradições. Maria é referência indireta nos escritos paulinos. Marcos a apresenta como mulher do povo e participante de sua mentalidade. Os Evangelhos da infância apresentam uma teologia bem elaborada sobre a fisionomia espiritual da Virgem, enquanto o quarto evangelista destaca sua fidelidade e seu significado na comunidade cristã.
De todas essas interpretações podemos concluir:
– Maria foi uma mulher simples do povo e sensível às necessidades dos pobres.
Maria nasceu em Nazaré de pais muito religiosos chamados Joaquim e Ana. Joaquim da estirpe de David (Lc 1, 32) e Ana da estirpe de Aarão (Lc 1,5; 1,36) mesmos sendo pequenos proprietários, eram de condições econômicas modestas, todavia eram ricos de santidade e de virtudes.
Maria quando criança foi oferecida ao templo para a sua educação e o culto. Morou perto do templo, onde viviam outras mulheres que cuidavam da ornamentação (Es 38,8) e das orações. (Lc 2,36). Aos 14 anos a deram em casamento a um carpinteiro justo e honrado que se chamava José, e talvez tivesse emigrado da Judéia e morava em Nazaré, todavia Maria continuou a viver na casa da sua família ainda por um ano, que era o tempo estabelecido dos Judeus, tempo entre o casamento e a entrada na casa do marido.
Maria e José pertencem ao povo humilde, de modo que quando seus conterrâneos vêem que Jesus fala tão bem, se admiram: “Mas não é este o filho do carpinteiro e de Maria?” (Mc 6,2).
Aquela mulher é sensível às necessidades dos outros. Sabendo que sua parenta Isabel já está no sexto mês de gravidez, desloca-se para lhe dar assistência. Quando participava de uma festa de casamento, percebe que falta vinho, e procura falar com Jesus para resolver o problema, e impedir que os noivos fiquem envergonhados. – Miryam recebeu de Deus um favor singular na concepção e no nascimento de Jesus. Movida pelo Espírito, entregou-se totalmente ao projeto de salvação, vivendo sua maternidade até as últimas consequências.
Nos primeiros meses de gestação, a criança se configura física e psicologicamente por obra de sua mãe, que não só a alimenta com a própria vida como também a torna centro de seus pensamentos, afetos e cuidados. A mãe amolda misteriosamente a personalidade de seu filho.
A frase do evangelho é bem eloquente: “Maria deu à luz o filho primogênito. Envolveu-o em panos e o deitou numa manjedoura, por não haver lugar na hospedaria” (Lc 2,7). Maria aceita com resignação devido ao profundo conhecimento das Sagradas Escrituras e das iluminações particulares da graça, dos sofrimentos que deverá enfrentar o Messias, o Salvador.
Nesse gesto está implícito o amor materno e a ternura que viveu aquela jovem mãe ao encontrar-se diante de seu filho. A experiência singular que Maria teve de Deus não diminuiu seu afeto materno; tornou-o mais profundo, delicado e total.
– A Virgem fez sua caminhada na surpresa e na obscuridade da fé.
Os evangelhos da infância sugerem que os inícios não foram fáceis: conflito com José pela gravidez inexplicável, perseguição do rei Herodes, e fuga do país durante a noite, para defender o filho.
Parece que os familiares de Jesus não entenderam sua decisão de abandonar suas seguranças sociais e dedicar-se ao anúncio do Reino, interessando-se pelos marginalizados. Pensavam que ele havia perdido o juízo e queriam traze-lo de volta à casa. Quando viram que ia tendo êxito, lhe diziam que fosse para Jerusalém, a capital da Palestina: “Ninguém faz tais coisas em segredo, se deseja ser conhecido do público” (Jo 7,4).
Os evangelistas querem deixar bem claro que Maria disse “sim” ao projeto de Deus, sendo “a pobre” inteiramente disponível à vontade divina. Isto, porém não impede, até exige, que vivesse sua entrega num processo histórico marcado pela surpresa, o conflito e o sofrimento. Diante de comportamentos estranhos de Jesus, “ficava perplexa”, “vacilava em seu íntimo”. Deve ter sido uma mulher contemplativa da passagem de Deus pela história.
Lc 2,49-50 acusa certo desgosto de Maria quando o menino Jesus permanece no templo de Jerusalém sem avisar a seus pais. Maria, sem dúvida, teve de sofrer uma desorientação quando Jesus deixou sua profissão e sua casa; mas, acima de tudo, como toda boa mãe, teve que defender o filho contra as críticas dos familiares. E o transtorno deve ter sido terrível quando a Mãe veio a saber que haviam prendido seu filho, e o tinham condenado por blasfemo. Conforme a tradição evangélica, Maria permaneceu junto à cruz, junto a Jesus abandonado por todos. A fé verdadeira se prova e amadurece na escuridão.
– A última notícia que temos de Maria, com certa garantia histórica, é o que encontramos em At 1,14: permanecia em oração com a primeira comunidade cristã, suplicando a vinda do Espírito. Nada dizem os escritos apostólicos sobre os últimos dias e a morte da Virgem. Segundo Jo 19,27, o “discípulo amado” acolhe em sua casa a mãe de Jesus. Embora a intenção principal do evangelista seja mais teológica que histórica, talvez tenha vindo daí a tradição popular: Maria ficou com o “discípulo amado” (que se veio identificando com João) em Patmos, e ali terminou seus dias.
Na simplicidade dos fatos narrados no Evangelho, é revelada a nós a humanidade e, ao mesmo tempo, toda a grandeza de Nossa Senhora:
1. chamado de Deus e o “Sim” de Maria (Lc 1, 26-38);
2. Maria visita e ajuda sua prima Isabel (Lc 1, 39-56);
3. Maria e o nascimento de Jesus (Lc 2, 1-20), (Mt 1, 18-25), (Mt 2, 13-23);
4. Maria, José e o menino Jesus vão ao Templo (Lc 2, 21-51);
5. Maria e Jesus na festa de Casamento em Cana da Galiléia (Jo 2, 1-12);
6. Maria aos pés da cruz (Jo 19, 25-27);
7. Maria no Cenáculo com a Igreja de seu filho (At 1, 12-14);

Fontes:
http://www.juventudesanta.com
http://www.franciscanos.org.br
http://www.nospassosdemaria.com.br
Bíblia Sagrada.

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